Tuesday, September 27, 2011

E agora?

“E agora? Não sei mais o que será da minha vida”. O choro, inevitável e incontrolável, tomava conta daquele senhor há dias. Ele não tinha mais referência. Perdeu casa. Perdeu trabalho. Perdeu familiares. Assim como a cidade e o porto de Minami Sanriku, uma vila de pescadores na província de Miyagi, suas esperanças foram levadas pelo tsunami. O lugar hoje praticamente não existe mais. As águas carregaram tudo. Quase tudo. Sobrou pouca coisa. E em meio aquele vazio todo, não me sai da cabeça aquele olhar do senhor de cabelos ralos e brancos. Triste, perdido no horizonte. O mesmo horizonte que escondia um céu avermelhado de fim de tarde. Lindo, calmo e sereno. E agora?

(da série microcrônicas, por Ewerthon Tobace, 27/09/11)

2 comments:

BIA said...

Oi Everthon!!!

Fico triste sempre que vejo coisas assim... mas um país que ressurgiu após o bombordeamento na Segunda Guerra Mundial é o maior exemplo de como encontrar forças para se recuperar e começar tudo de novo.
Tenha um bom dia!!!
Abraço
Bia :)

Hana said...

Eu estava lá no dia ddo Terremoto e Tsuname...Sou professora, e lecionei em Oizume na Nippaku Gakuen, aquele terremoto cortou meus sonhos
De que adianta eu querer ajudar o mundo lá fora se neste momento os meus precisam de mim, e a caridade começa em casa,o Criador sabia que eu lá do outro lado do mundo já não teria tanta ajuda para doar, pois depois do terremoto, saía da minha capacidade de ajudar, na época do terremoto eu morava em uma cidade ao lado de onde foi o epicentro, sentimos o tremor tão grande 8.9 na escala, nunca senti tanto medo e tive que me conter, me fazer de forte para proteger meus alunos que em pânico estavam.
Tudo caindo em cima da gente, e com uma força divina saimos dos escombros e nós professores tiramos muitos alunos de baixo de livros na biblioteca, toneladas de livro, as casas entortaram como caixas de fósforo, telhados caiam sobre nós, soubemos que teve tsuname, pois ficamos sem sinal de internet e sem luz sem fone, incomunicáveis, não tinha mais água potável, nem alimentos nas cidades vizinhas, era briga por comida praticamente, faziamos um sopão de tudo que sobrava e distribuiamos para as crianças e as famílias delas, e depois recebemos água racionada pra cada um, foi aí que reslvi voltar por causa dos meus filhos e minha mãe, que ja estavam desesperados por saber de mim, eu tenho 3 filhos nascidos da barriga e 3 que nasceram do coração, eles estavam muito aflitos.

Logo veio a radiação, que seria o mais perigoso dos problemas saíamos de máscara mas pouco resolvia, tinhamos que queimar as roupas depois do uso do dia, era assim então com muita dor, resolvi deixar o Japão, dar esta notícia as criaças foi triste, me sentia uma desertora sabe, mas eu não podia mais ajudar, no dia seguinte do terremoto saíamos a procura de feridos nas estrada pois os carros de socorro não tinham acesso pelo estrago que fez nas estradas.

Inacreditável na dor que sentimos encontramos crianças, idosos pessoas mais frágieis que não conseguiram se defender em fim. Não consegui vôo para o Brasil todos lotados, e o aeroporto mais próximo o de Narita estava fechado pela contaminação da radiação, tive que viajar para Osaka mais de 9 horas de viagem, mas com a nevasca levamos 17 horas, abalada psicologicamente cheguei na Italia começou minha sindrôme do pânico.

Fiquei em cuidados médicos em Roma até estar em condição de ao menos pegar um voo para o Brasil, logo que cheguei entrei em depre, eu não sabia lidar com tudo que me aconteceu e bateu mesmo a depressão, mas logo tive que me recuperar... pois me chega a notícia do meu filho ao qual ja mencinei foram 3 longos meses que tive que tirara mais força de onde não tinha, hoje sei que foi de Deus, logo meu filho Ulisses do Nascimento recuperou a conciência mas com sequela, tinha que dar banho, trocar fraldas pois ele perdera esta capacidade de controlar os mais simples dos movimentos, depois de mais 3 meses ele conseguiu recuperar parte, hoje conesegue andar, tomar banho, comer mas ficou com a idade mental infantil, é muito difícil uma mãe ver isso depois de ver seu filho homem formado e com 28 anos pensnado em se casar construir uma família, e então ele vira uma criança de 7 anos, mas a força que tenho vem sim do Universo que Deus Criou, e humilde eu acolho os desafio que Deus me enviou, tenho certeza que estou crescendo, evoluindo e aprendendo mais a cada batalha que Deus me presenteia e fico feliz, pois quantos não aguentariam passar por isso.

Estou aqui lúcida viva e forte em fim... quanto mais manifestamos amor e solidariedade, mais recebemos, não faço o bem com esta intenção de troca com Deus, mas é assim... semeamos o que quizermos, mas nossa colheita é obrigatória.

Com carinho Hana