
Chegar ao Japão era questão de tempo. Quase uma sina. Imagina eu, filho de japoneses (nissei), longe da terra onde estavam todos os meus familiares?
Tentei protelar. Empurrei com a barriga, fiz das tripas o coração, mas não deu. A situação no Brasil estava brava mesmo. Trabalho até tinha, mas dinheiro que é bom, nada. Não teve jeito. Liguei para meus “velhos” e dei a notícia. Pelo telefone conseguia visualizar a alegria de todos. “Ah é? E quando você chega?”
Isto foi há (quase) exatos cinco anos. Cheguei em meio à neve de janeiro (dia 21) -- na foto acima, na semana que cheguei, com um guarda-chuva cor-de-rosa da minha irmã. O frio era cortante. Uma sensação diferente. Era como estar dentro do congelador. Meus ossos doíam. “Será que estou com reumatismo?”
No caminho para casa, os olhos não deixaram de visualizar o máximo daquilo que seria meu novo lar. Tudo tão diferente. Tão limpo. O cheiro tão estranho...
No caminho para a capital japonesa, minha irmã avisa. “A Tokyo Disney é aqui do lado”. Aqui onde? Passam casas, passam prédios, passam pontes, passam boiadas e nada de parque de diversões. Aliás, e para que eu quero saber onde fica a Disney. Eu vim é para guardar dinheiro. Ora pois! (E pensar que já fui lá umas quatro vezes em menos de um ano!)
Enfim, depois de uma hora e meia, visualizo a grande Tokyo. Para quem vê a cidade da Baía de Tokyo, dentro do carro, na Raibow Bridge (na parte de baixo da ponte, é claro, pois o pedágio é mais barato), não parece mais do que uma cidade qualquer. E minha irmã soltando informações. “Aqui é isso, ali é não sei o que, desse lado tem isso...” Só fui absorver aquilo tudo com o tempo, quando comecei a adquirir noções de direção na confusa Tokyo.
E bota confusa nisso. Só para aprender a andar de trem foram algumas semanas. Nunca vi tantas linhas de metrô e de trem juntas. Transporte fácil, rápido e barato... quer dizer, nem tanto, mas para os padrões de Tokyo, é barato sim. Ter carro é que sai muito caro. Para vocês terem uma idéia do absurdo que é morar na capital japonesa, lá onde minha irmã mora, em Shinagawa, é preciso pagar até estacionamento das bicicletas (cerca de US$ 20 por dois meses, cada vaga). Vaga para carro então, nem se fale! Meu amigo Carlos, que nem mora na capital – numa cidade do lado, chamada Kawasaki, na província de Yokohama – pagava perto dos US$ 300 dólares por mês para guardar o carro.
Aqui, falta espaço, sobram carros, sobram pessoas. Achar apartamento com vaga na garagem é raro, além de ser muito mais caro.
Aprender a usar transporte coletivo foi uma das primeiras lições que aprendi aqui no Japão. Apesar de que estava até acostumado a isso, pois antes de vir para cá estava em Curitiba e lá o transporte coletivo é bom e funciona. Bom, por hoje é isso. Ainda vou falar muito sobre trens. História é o que não falta. Afinal, passo a maior parte do tempo dentro deles.
Para o alto e avante!
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