Thursday, January 12, 2006

Um novo mundo



Chegar ao Japão era questão de tempo. Quase uma sina. Imagina eu, filho de japoneses (nissei), longe da terra onde estavam todos os meus familiares?
Tentei protelar. Empurrei com a barriga, fiz das tripas o coração, mas não deu. A situação no Brasil estava brava mesmo. Trabalho até tinha, mas dinheiro que é bom, nada. Não teve jeito. Liguei para meus “velhos” e dei a notícia. Pelo telefone conseguia visualizar a alegria de todos. “Ah é? E quando você chega?”
Isto foi há (quase) exatos cinco anos. Cheguei em meio à neve de janeiro (dia 21) -- na foto acima, na semana que cheguei, com um guarda-chuva cor-de-rosa da minha irmã. O frio era cortante. Uma sensação diferente. Era como estar dentro do congelador. Meus ossos doíam. “Será que estou com reumatismo?”
No caminho para casa, os olhos não deixaram de visualizar o máximo daquilo que seria meu novo lar. Tudo tão diferente. Tão limpo. O cheiro tão estranho...
No caminho para a capital japonesa, minha irmã avisa. “A Tokyo Disney é aqui do lado”. Aqui onde? Passam casas, passam prédios, passam pontes, passam boiadas e nada de parque de diversões. Aliás, e para que eu quero saber onde fica a Disney. Eu vim é para guardar dinheiro. Ora pois! (E pensar que já fui lá umas quatro vezes em menos de um ano!)
Enfim, depois de uma hora e meia, visualizo a grande Tokyo. Para quem vê a cidade da Baía de Tokyo, dentro do carro, na Raibow Bridge (na parte de baixo da ponte, é claro, pois o pedágio é mais barato), não parece mais do que uma cidade qualquer. E minha irmã soltando informações. “Aqui é isso, ali é não sei o que, desse lado tem isso...” Só fui absorver aquilo tudo com o tempo, quando comecei a adquirir noções de direção na confusa Tokyo.
E bota confusa nisso. Só para aprender a andar de trem foram algumas semanas. Nunca vi tantas linhas de metrô e de trem juntas. Transporte fácil, rápido e barato... quer dizer, nem tanto, mas para os padrões de Tokyo, é barato sim. Ter carro é que sai muito caro. Para vocês terem uma idéia do absurdo que é morar na capital japonesa, lá onde minha irmã mora, em Shinagawa, é preciso pagar até estacionamento das bicicletas (cerca de US$ 20 por dois meses, cada vaga). Vaga para carro então, nem se fale! Meu amigo Carlos, que nem mora na capital – numa cidade do lado, chamada Kawasaki, na província de Yokohama – pagava perto dos US$ 300 dólares por mês para guardar o carro.
Aqui, falta espaço, sobram carros, sobram pessoas. Achar apartamento com vaga na garagem é raro, além de ser muito mais caro.
Aprender a usar transporte coletivo foi uma das primeiras lições que aprendi aqui no Japão. Apesar de que estava até acostumado a isso, pois antes de vir para cá estava em Curitiba e lá o transporte coletivo é bom e funciona. Bom, por hoje é isso. Ainda vou falar muito sobre trens. História é o que não falta. Afinal, passo a maior parte do tempo dentro deles.
Para o alto e avante!

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